Rei Charles visita o Papa depois de 500 anos: Um encontro simbólico entre duas igrejas separadas desde Henrique VIII
- Jornalista Ândrea Sasse

- 23 de out.
- 2 min de leitura

A recente visita do Rei Charles III ao Papa Francisco chamou atenção do mundo todo — não apenas por ser um gesto diplomático, mas por seu profundo simbolismo histórico.

Afinal, é a primeira vez em 500 anos que um monarca britânico, chefe da Igreja Anglicana, encontra o líder máximo da Igreja Católica de forma oficial e amistosa.

Mas o que aconteceu há meio milênio para que Inglaterra e Vaticano se separassem?
🕰️ O rompimento: quando o amor virou questão de Estado

Tudo começou com o rei Henrique VIII, no século XVI. Casado com Catarina de Aragão, ele desejava o divórcio para se casar com Ana Bolena. O problema é que o Papa Clemente VII negou a anulação do casamento, alegando que o matrimônio era sagrado e indissolúvel.

Ferido no orgulho e pressionado por questões políticas e dinásticas (Henrique queria um herdeiro homem), o rei rompeu com Roma. Em 1534, ele se proclamou “Chefe Supremo da Igreja da Inglaterra”, dando origem à Igreja Anglicana.
⚔️ Curiosidades sobre o rompimento
O rompimento não foi apenas religioso — foi político e econômico. Ao se separar de Roma, Henrique VIII passou a controlar as terras e riquezas dos mosteiros ingleses.
Muitos bispos e religiosos que se recusaram a aceitar o rei como chefe da nova igreja foram executados por traição, como o célebre Thomas More (Tomás Moro), que se tornou santo da Igreja Católica.
A reforma anglicana foi um dos primeiros grandes passos rumo à fragmentação do cristianismo ocidental, abrindo caminho para outras vertentes protestantes.
⛪ Como surgiu a Igreja Anglicana
A nova igreja criada por Henrique VIII manteve, no início, vários rituais católicos, mas substituiu a autoridade do Papa pela do próprio monarca.
Com o tempo, especialmente sob o reinado de Elizabeth I, a Igreja Anglicana consolidou uma identidade própria — meio termo entre o catolicismo e o protestantismo, com culto litúrgico tradicional, mas doutrina reformada.
Hoje, a Comunhão Anglicana reúne milhões de fiéis em todo o mundo, e o Rei Charles III é seu líder simbólico — um papel que ele exerce com ênfase no diálogo inter-religioso, o que dá ainda mais significado à sua visita ao Papa.
🌿 Um gesto de reconciliação
O encontro entre o Papa Francisco e o Rei Charles representa um gesto histórico de respeito e reconciliação entre duas tradições que, apesar de separadas há séculos, compartilham raízes cristãs e valores comuns.
Mais do que um evento diplomático, é um sinal de tempos de abertura e diálogo, em que fé e história podem caminhar lado a lado.
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